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Ju Sobral

Blog com informações, dicas e atualidades sobre a dança do ventre, Voltado para alunas, profissionais e curiosos

Friday, August 26, 2011

Sobre participar de Processo Seletivo



Recentemente participei de um processo seletivo para integrar o casting de bailarinas de um restaurante.
Mas não foi meu primeiro "processo", e posso garantir: todos são "dolorosos".
Quando eu tinha uma "vida normal" participei de várias seleções para estágios e empregos, alguns bem chatos, outros demorados e outros, bem, outros bem ruins, no sentido de serem mal feitos.
Enquanto bailarina, experimentei alguns processos seletivos e fui bem sucedida em uns, outros não. Da mesma forma, uns foram chatos, outros demorados e outros eu prefiro nem comentar.
O que difere os dois tipos, basicamente, é a exposição. Sim, porque aqui não basta mandar um currículo bom, cheio de cursos, boa faculdade e trabalhos consideráveis. Outras coisas são envolvidas.
Também encaminhamos currículos, mas é a prova prática, a meu ver, a mais massacrante.
Envolve não só técnica, mas presença de palco e espírito, roupa, maquiagem, cabelo, mãos e pés. Mas isso é parte da vaidade.
Além disso, envolve carisma, educação, postura, ética e humildade. Tudo isso é parte da educação. E conta muito.
Depois que seu currículo é aprovado você se prepara, escolhe a música, ensaia. Escolhe a roupa, prova. Anota na agenda e vai.
Chega lá e se depara com bailarinas de renome, super boas tecnicamente, algumas conhecidas e outras surpresas. E diz: meu mundo caiu (para não dizer outra coisa).
Faz o que sabe fazer e espera pelo resultado, um martírio.
Daí, no dia que sai o resultado pede para alguém olhar para você, pois não tem coragem. Como somos negativas.
E fica feliz, pois passou!!
Ou, e fica feliz, pois não passou, mas recebeu várias dicas sobre o que fazer para ir melhor no próximo. Ganhou uma consultoria.
Sobre esse último, eu vou dizer: atormentei meu marido, meu filho e meus pais. Passei dias de apreensão. Não conseguia nem falar com minha chefe, e precisava....
Passar nesse último era tudo ou nada para mim (que bobagem), queria a todo custo ser selecionada, pois daí viriam várias oportunidades, meus rumos seriam mais certeiros.
Hoje, mais calmamente, percebo que sou capaz de alcançar meus objetivos, pois sou competente, trabalho direitinho, respeito meus colegas de profissão e evolui profissionalmente, então por que não conseguiria??
Todo mundo tem direito a um lugar ao Sol, então corre atrás do seu!









Friday, August 19, 2011

Vergonha


Eu não deveria, mas ainda me surpreendo com algumas coisas.
O que verão a seguir é uma afronta ao trabalho sério e profissional.
Eu tenho vergonha, mas ainda assim vou compartilhar minha indignação.
Não conheço e é pouco provável que chegue a conhecer qualquer uma das partes envolvidas no vídeo, de qualquer forma, registro que não sei quem é pior: a "professora" por ter submetido a "aluna" nesse embaraço ou a "aluna" por ter permitido a postagem do vídeo (vejam a quantidade de visualizações). Segue:


É de doer. Eu não vejo graça nenhuma.
Tenho o maior cuidado e carinho com aquelas que me procuram para dar aula, me preocupo com elas dentro e fora da sala de aula.
Mantenho-me atualizada para não cometer erros grosseiros. 
Vamos estudar e nos preparar melhor para as aulas, que tal?
Só assim seremos profissionais dignos e nossas (os) alunas (os) sentirão orgulho em mostrar ao mundo como são felizes e amadas.

Wednesday, August 10, 2011

Mahmoud Reda e sua Troupe



Mahmoud Reda é considerado o "pai" do folclore árabe, uma lenda no meio artístico. O pioneiro da dança-teatro no Egito. Co-fundador da Reda Troupe.
Pode-se considerar que foi ele quem introduziu as técnicas de Ballet Clássico nas danças árabes, em especial no folclore. Também utilizava princípios de jazz, dança hindu e folclore russo.
Nascido em 18 de março de 1930 no Cairo, Egito, em família de classe média-alta; seu pai era autor e bibliotecário-chefe da Universidade do Cairo e, com sua esposa criou uma família que viveu cercada de cultura e em sintonia com o modernismo que varria o Egito na época.
Cultuavam o atletismo e tinham dons musicais. Esse ambiente no qual Mahmoud foi criado foi essencial na promoção de suas tendências artísticas, além de seus atributos físicos, que ajudaram ainda mais suas habilidades como bailarino.
Curiosidade sobre Mahmoud: participou dos Jogos Olímpicos de Helsinque, em 1952, representando o Egito na ginástica, após ter ganhado medalha de ouro em campeonato realizado na Alexandria.
Mahmoud formou-se em comércio na Universidade do Cairo. De 1982 a 1990 foi Subsecretário de Estado do Ministério da Cultura.
Coreógrafo e solista em diversas produções, fez turnê em mais de 60 países, tocando nos palcos mais prestigiados do mundo. Também foi ator principal, bailarino e coreógrafo em diversos filmes egípcios. Chegou a ser comparado a Gene Kelly e Fred Astaire.
Entre os locais de suas apresentações podemos citar: Carnegie Hall (USA), Albert Hall (UK), Congress Hall (Germany), Stanilawisky e Gorky Theaters (URSS), Olympia (France) e United Nations (Geneve).
Abaixo, vídeo que ilustra a inserção do ballet clássico na dança árabe. Destaque para os giros e piruetas:



É importante ressaltar que a Reda Troupe começou com um negócio familiar, a partir do casamento entre as família Reda e Fahmy e seu interesse comum pela dança e tradição egípcia.
Mahmoud se casou com a irmã de Farida Fahmy e essa por sua vez se casou com seu irmão, Ali.
Mahmoud foi bailarino principal até 1972. Ensinou os dançarinos e coreografou e dirigiu todas as performances de palco. Com suas coreografias inovadoras, criou um gênero de dança que abraçou muitos estilos. Farida foi bailarina principal por 25 anos. Ela foi um modelo para os bailarinos contratados e sua graça e elegância logo conquistaram os corações dos egípcios.
Em meados de 1970, ela começou a desenhar os figurinos das produções.
Os co-fundadores reuniram seus fundos e com orçamento pequeno realizaram a primeira apresentação em 1959. A Troupe era composta por 6 bailarinas, 6 dançarinos e 12 músicos. A partir de 1961 o grupo foi colocado sob os auspícios do Ministério da Cultura.
Somente a partir de 1970 que reuniram 150 membros entre bailarinos, músicos e técnicos de palco e figurino. O repertório inclui mais de 150 danças que variam entre duetos e trios de damas, interagindo com mais de 30 bailarinos no palco ao mesmo tempo.
Ali Reda, irmão de Mahmoud, sempre foi um homem experiente no show business. Aos 16 anos já ganhava prêmios em concursos de dança de salão, em competições populares na época, como o swing. Mais tarde voltou sua carreira para o cinema. Nos anos de formação do grupo, Ali funcionou como conselheiro artístico e participou de todos os problemas administrativos e gerenciais. Dirigiu dois filmes do gênero comédia musical para a Reda Troupe. Esses filmes são considerados marco na historia do cinema egípcio e são mostrados até hoje na TV.
Observamos que seu trabalho moldurou e influenciou o que hoje é conhecido por dança oriental, sendo certo que muitos nomes da dança foram inspirados por ele: Raqia Hassan, Momo Kadous, Mo Geddawi e Yosry Sherif, entre outros.
Farida encerrou sua carreira na dança em 1983, continuando apenas com seus estudos acadêmicos. A Troupe foi deixada posteriormente nas mãos de outros membros, que não possuiam os mesmos talentos artísticos e de direção.
Todos os professores que surgiram não conseguiram produzir nada de notável e inovador até hoje, e seus estilos somente perpetuam o estilo Reda de técnicas e métodos de ensino.
O talento e a criatividade artísticas dos principais artistas da Troupe deixaram uma herança de dança teatral, cuja rica fonte é utilizada por vários professores e coreógrafos.
Aqui, inseri vídeo da coreografia Muwashahat, remontada por Lulu Sabongi. A dança é pura poesia e descreve a riqueza de movimentos, a bela leitura musical e criatividade imbatíveis de Mahmoud, vastamente encontradas em seus trabalhos:



Reproduzo aqui texto enviado por Lulu Sabongi sobre a dança Muwashahat, encontrada no blog da Bailarina Sasha Holtz (http://sashaholtz.blogspot.com/2010/03/tributo-farida-fahmy_21.html):



“Muwashahat Raqisah
Muwashahat é uma sofisticada forma musical que inclui vocalização e prolongados padrões rítmicos. Este gênero musical se originou na Espanha Islâmica durante o século dez.
Há uma descrição por Al Faruqi em seu artigo, a tradição andaluz, como um poema estrófico apresentado com música, consistindo de repetidos retornos a uma mesma estrofe como um refrão musical.
Jihad Racy escreveu que “é aceito comumente que esta forma musical foi introduzida no Egito por um músico vindo de Aleppo na Syria no final do século XVII. Este estilo se manteve muito presente na cultural musical do Egito até os primeiros anos do século XX.”
Em 1979 Mahmoud Redá produziu para a tv, oito peças de dança. Elas foram coreografadas para as composições de Fuad Abdel Magid, um músico que introduziu uma nova abordagem para este gênero clássico de musica. Estas danças foram apresentadas no palco pela primeira vez no Cairo em 1980.
Na moderna interpretação deste gênero, os intrincados e numerosos ritmos foram trocados por outros mais curtos e mais dinâmicos em seus padrões. Enquanto a forma essencial permanecia intacta, instrumentos ocidentais eram adicionados, juntamente com uma harmonia simples e o contraponto. As letras dos poemas reeditados ainda retinham o idioma clássico e a metafórica forma descritiva da poesia mowashahat.
Ali Redá diz que “os significados e imagens evocados são intricadamente tecidos na estrutura dos poemas, como um laço bem dado, o que é de fato pertinente ao significado da palavra muwashahat.na língua árabe.
A coreografia destas peças foi a extensão de um trabalho criativo sem precedentes de Mahmoud Redá. A forma musical deste gênero, com seus variados padrões rítmicos, deu a ele novas bases, pelas quais se expressar como coreógrafo. A qualidade estrófica das letras que acompanhavam a melodia, influenciaram sua escolha nas combinações de movimentos e nos desenhos espaciais.
Ele não tentou em absoluto nenhuma interpretação direta do imaginário, presente nos poemas, mas projetou em forma de dança o ânimo que cada poema evocava.”

Mahmoud Magnânimo!

Outras fontes:


Nota: essa pesquisa foi realizada para apresentação da matéria Criação Coreográfica do curso Técnico em ministrado no espaço Shiva Nataraj Danças e Práticas (http://www.shivanataraj.com.br/)






 

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